sexta-feira, 20 de julho de 2012

Dieu ne peut que donner son amour

"Deus só nos Pode dar seu amor, Nosso deus é ternura!" (Taizé)

Querendo perdoar e ser perdoado.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Paixão pelos inconformados

"A gratidão leva ao "magis"*. Quem se dá conta de sua felicidade, quer mais. Fica então descontente com o mundo e torna-se sensivel às necessidades, para aquilo que pode realizar. A palavra-chave "magis" descreve o dinamismo que podemos experimentar quando doamos nossa vida aos outros." (Cardeal Carlo M. Martini, sj)¹


Ontem recebi a graça de assistir um filme que conta a vida de Madre Teresa de Calcutá, e confesso que muita coisa me impressionou na vida dessa mulher que até então conhecia e admirava mais de longe. Mas há um aspecto no filme que me chamou mais a atenção: Madre Teresa foi constantemente uma mulher INCONFORMADA.
Sim, é isso mesmo, inconformada. Ela viu o mundo, andou pelas ruas de Calcutá e percebeu um dia no mendigo que a pedia água na estação de trem a pessoa de Jesus que pede água na cruz. A partir dessa experiência ela já não podia mais dormir confortavelmente no convento, enquanto Jesus estava nas ruas morrendo de sede e fome, vítima da violência e do desamor. Nascia aí uma mulher que se tornaria modelo de santidade e altruísmo.
E fica uma pergunta na minha cabeça: E eu? e os jovens do meu tempo? Onde estão os inconformados de hoje? Onde estão os sonhadores? 
A nossa sociedade de consumo capitalista nos impede de sonhar, mina os nossos sonhos, reduzindo-os ao sonho da casa própria, do carro do ano, da roupa da moda, da fama, do sucesso. Também outros na tentativa de ir na contra-mão caem num socialismo materialista, que também vem minar os nossos sonhos, uma vez que não acredita numa realidade espiritual, num Deus que deseja ver a justiça reinando entre nós. Sonhar hoje é artigo de luxo e quase proibido, desejar ser e ver as coisas com um olhar diferente das grandes ideologias pode ser considerado crime.
Sim, Beata Teresa quis fazer o diferente, o que parecia impossível, muitos a disseram que era impossível, a Igreja disse a ela ser impossível se tornar uma irmã fora do convento nas ruas de Calcutá. O mesmo ocorreu quando ela disse que queria iniciar uma nova congregação religiosa. Mas ela não quis acreditar nisso, Jesus a chamava e no seu coração era possível. Sendo assim ela era uma mulher profundamente teimosa, por sempre fazer as coisas como acreditava, obediente sim, mas nunca perdia a oportunidade de questionar a motivação do coração para mudar ou fazer as coisas diferentes do que Jesus a motivava.
Madre Teresa resolveu mudar a sua realidade local apenas, a partir de uma experiência com Deus. Sem essa experiência era impossível sorrir o tempo todo, enfrentar as pessoas que a criticavam, a perseguição da mídia e do poder público,e acima de tudo defender a sua máxima de que o importante era fazer pouco. Talvez ela caísse na tentação de não mais despojar-se de si para ser pobre, mas possuir a pobreza, a tentação de se apropriar do dom que Deus deu a ela de sonhar com tal convicção, a ponto de que outros acreditavam também no que fazia.
É importante lembrar que Madre Teresa era uma mulher com uma vida de ora+ação, rezava no minimo 8 horas por dia. E mesmo assim viveu uma das noite escuras mais profundas de que se tem noticia na vida dos santos católicos, foram anos pregando e vivendo em nome de um Deus que ela simplesmente não experimentava na oração, mas isso jamais a levou a abandonar a oração e a caridade. Ou seja, querer que Deus venha numa nuvem gloriosa com um coro de anjos dizer a você que você deve amar, não é desculpa.
Vejo que há algo em comum entre eu e ela: eu sou inconformado. Não concordo com as coisas como são, e nem com decisões que atuam nos sintomas, é preciso agir na raiz, e a raiz é converter o coração do homem e da mulher de boa vontade a vivência do AMOR. Não do sentimento amor, não do "fazer amor" das novelas, mas do amor-serviço, do amor que se revela na prática de quem vai curar e libertar os demais de sua situação de extrema miséria, material ou espiritual.
Mas ser inconformado não basta, é preciso sonhar o sonho de Deus, que é para todos e não apenas para mim. E então começar a fazer o que posso para mudar a realidade do meu bairro, cidade, estado, país, mundo. Afinal eu creio na máxima de que pessoas pequenas, em lugares pequenos, fazendo coisas pequenas são capazes de fazer grandes coisas, por si e pelos demais.
Sendo assim, podemos começar agora, precisamos nos unir mas: Onde estão os inconformados? Onde estão os pequenos e inconformados? Os que vão contra a maré? Os que não se contentam em viver uma vida mais ou menos? Os que não querem viver o sonho americano, mas sim o sonho de Deus? Eu tenho um sonho dizia Luther King, eu tenho um sonho dizia Jesus. E você? Qual o seu sonho? Vamos sonhar juntos?


¹Fonte: Diálogos noturnos em Jerusalém: sobre o risco da fé. Editora: Paulus

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O Canto das Sereias

Muitas vezes eu como ministro de música católico, já passei por bons pedaços ao ouvir que musica católica é chata, velha, de doninha, feia e o escambau, e que a qualidade musical da música protestante é maior e etc. De fato confesso que há muito mais investimento do lado de lá do que do lado de cá (isso é óbvio) mas a música católica além de ter melhorado MUITO nos últimos anos (e até conquistado um cantinho no mercado) é aquela que conta a nossa história, que precisa ser valorizada. Nela está a tradição, e é possível até se você dividir por período perceber que a música de fato ajuda-nos a contar a história. Refrões como "te amarei Senhor!", "ou Santos ou nada mais queremos ser", "Senhor tu me olhaste nos olhos", "Uma só será a mesa", entre outras, marcam períodos da vida de católicos através dos anos.
Enumero aqui dois problemas claros em aceitar sem questionar a música protestante:
1) A música protestante é mais midiática e atraente e se adequa melhor aos novos tempos, estoura um ritmo novo hoje na rádio, amanhã recebe uma versão "evangelizada" da coisa. Mas isso além de tudo que pode trazer de positivo tem também o seu lado negativo, uma vez que estamos mundanizando a Igreja, no lugar de evangelizar o mundo. É importante assim como Jesus entrar e conhecer a realidade do outro, mas nunca para deixar ele na mesma. Muitas pessoas quando resolvem buscar a Igreja, vem para algo diferente do que há lá fora, vem a procura de paz, de um encontro com Deus, vem para descobrir se Ele é real, e quando chega encontra o mesmo funk, cantado pelo mesmo artista, numa versão "evangelizada". Uma missa celebrada solenemente com cantos apropriados, nos leva a uma experiência tal de Deus, que parece que o mundo lá fora perde toda a importância. Vivemos cercados já de muito barulho, e as Igrejas precisam ser lugares para se vivenciar o silêncio, que é onde se escuta Deus e a si mesmo.
2) Não aprendemos a valorizar nossa história e tradição desde a escola, daí surge um desejo tão  profundo de romper com o que é velho, que acabamos por criar um frankstein, no lugar de tornar-nos pessoas melhores, imagem e semelhança de Deus. Entramos numa de começar a criar um Deus que amolde aos nossos gostos, que é bem a cara do que muitas seitas tem feito por aí, criando um Jesus que no lugar de ser o pão vivo descido do céu presente na eucaristia, se torna um pão de hamburguer nos fast-foods de uma praça de alimentação de shopping. Daí preferimos a música da moda, do que aquela que convém ao momento, trocamos seis maduros, por meia duzia de verdes.
A música cristã verdadeira precisa mexer com a gente, nos comprometer, uma musica cristã que não me compromete pra mim não serve. Prefiro uma musica que exponha as minhas fraquezas, e me converta ao perceber que tenho que amar mais, que comungar é tornar-se um perigo. E não é, infelizmente o que vemos hoje, a banalização que a musica tem sofrido no meio secular, tem invadido também a Igreja, uma vez que melodias cada vez mais belas, tem embalado letras de conteúdo cada vez mais irrisório. Pra mim a "beleza" (há controvérisas) dessa música que se diz cristã, mas que é feita pra vender, se parece mais com o canto das sereias, que é lindo, seduz, mas que leva o nosso barco pro primeiro iceberg, afim de que afunde levando embora toda a nossa liberdade de filhos.
Estejamos portanto atento aos frutos e nos perguntemos: A que a musica que ouço tem me levado? Me compromete ou me inebria? Fala de um Deus amor libertador que se fez homem ou de um Senhor do exércitos que parece tão distante que mesmo com os gritos (mais altos) do meu canto nunca me ouvirá? Tenho conhecido bem a música católica? Aprendi a valorizar a minha história? Afinal qual o objetivo da música cristã? Produzir elogios ou levar a oração?


Graça e paz!
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