quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Desabafo

Detesto criar polêmica, principalmente sobre religião, mas, sinceramente, já faz muito tempo que cansei dessa moda de todo mundo falar mal dos católicos e da Igreja, como se apenas católicos falarem mal de outras religiões ou de ateus fosse preconceito ou falta de respeito... “católicos são burros”, “católicos são ignorantes”, “católicos são preconceituosos”. Interessante ver que tanta gente conhece TODOS os católicos do mundo a fundo e pode avalia-los de uma só vez.

Como disse um grande amigo meu (ateu) sobre as polêmicas do Halloween, se a sua convicção, por si só, ofende as outras pessoas, pense novamente sobre ela. Jogo essa bola pros não católicos dessa vez...

Sou católica há 16 anos e, de lá pra cá, li praticamente todos os documentos lançados pelos papas e não sou capaz de avaliar o conclave papal, não faço ideia da atuação dos cardeais. Mas, de repente, todo mundo no facebook conhece pessoalmente, pelo menos, uns três cardeais, entende tudo das leis canônicas, do Catecismo da igreja e sabe tudo sobre a teologia do Ratzinger sem nunca ter lido uma declaração oficial sua na íntegra. De repente, todo mundo que não entra na igreja desde q foi batizado – se foi – sabe tudo sobre as necessidades da igreja, gente que não sabe a diferença entre um frei e um padre sabe tudo sobre a realidade dos seminários.

A Igreja deveria vender seu ouro pra acabar com a pobreza do mundo? Sim, e o Louvre também deveria vender seu acervo em prol dos países que a França colonizou, o Brasil também deveria vender a Amazônia para acabar com a pobreza do Nordeste? Só me faltava essa! E mandar o dinheiro pros governos da África, do Nordeste, ia, certamente, acabar com a cultura de corrupção e a burocracia local.

O Vaticano é rico porque tem dinheiro para ser financeiramente autônomo? Pois que ótimo, porque é um Estado e não um parque, como a Disney. Os católicos não tem interesse nenhum em entregar o Santo Sudário, as relíquias de Lanciano e tantas outras pra ficarem pulando de um laboratório científico pra outro pra satisfazer a curiosidade de quem nada tem a ver com a fé católica, inclusive porque nossa fé não se baseia nessas coisas, mas em Deus.

Parem de dizer que o Ratzinger é nazista, porque se alistamento militar é obrigatório no Brasil, que é um país desorganizado e que não esteve em guerra recentemente, quanto mais numa Alemanha ditatorial pós-Primeira Guerra.

Tenhamos um pouco de senso crítico ao analisar o que a mídia vomita sobre nós, por favor.

E, por fim, entendam: o que faz uma pessoa sair do conforto da sua casa todos os domingos e deixar de ver um filme, tirar uma soneca, ler um livro, NÃO é um conjunto de ritos mecânicos, mas é uma experiência íntima com Deus. Se você não teve, não seja preconceituoso a ponto de julgar o que você não conhece. Respeite.

Pronto, desabafei. (by: Ana Paula Pur)


(Texto estraído do facebook, com postagem permitida pela autora)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Renúncia do Papa e as nossa renúncias!

"Se a sua mão ou o seu pé é ocasião de escândalo para você, corte-o e jogue-o para longe de você. É melhor para você entrar para a vida sem uma das mãos, ou sem um dos pés, do que ter as duas mãos ou os dois pés, e ser lançado no fogo eterno.
E se o seu olho é ocasião de escândalo para você, arranque-o e jogue-o para longe de você. É melhor para você entrar para a vida com um olho só, do que ter os dois olhos, e ser jogado no inferno de fogo" (Mt 18, 8-9)

Já não é mais novidade para o mundo que no dia 28/02 às 20 horas, horário de Roma, o então Papa Bento XVI deixará de ocupar seu lugar como chefe da Igreja e do Vaticano, para que outro mais jovem assuma o seu posto. Vejo na atitude do Papa um exemplo maravilhoso para todos os cristãos, de um verdadeiro e autêntico cristianismo, no lugar de gerar uma crise, este ato deve reforçar em nós a fé, e nos fazer perceber que temos diante de nós um homem que inspirado pelo Espírito, sabe ler os sinais dos tempos.
Vivemos cercados de um cultura profundamente individualista e hedonista, a mentalidade predominante nos diz que devemos sempre buscar aquilo que satisfaça o MEU prazer(!), sendo assim é impossível optar ou renunciar a qualquer coisa, somos ensinados a reter tudo para nós sem o menor discernimento. E desta cultura sobre a desculpa de nos fazer livres, nasce uma geração que tem uma dificuldade muito grande em renunciar, em dizer não àquilo que começa a atrapalhar o nosso desejo de fazer a vontade de Deus. E a verdade é que somos cativos desta visão deturpada de liberdade, por mais paradoxal que isto possa parecer, pois a liberdade significa poder de decisão e a decisão implica em uma cisão com tudo aquilo que não é bom para mim.
Santo Inácio nos Exercícios Espirituais vai dizer sobre o nosso Princípio de Fundamento:
[...]é necessário tornar-nos indiferentes a respeito de todas as coisas criadas em tudo aquilo que depende da escolha do nosso livre-arbítrio, e não lhe é proibido. De tal maneira que, de nossa parte, não queiramos mais saúde que doença, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que breve, e assim por diante em tudo o mais, desejando e escolhendo apenas o que mais nos conduz ao fim para que somos criados. (EE 23)
Sendo assim o homem verdadeiramente livre, é aquele que consegue optar por aquilo que mais o beneficia, descobrindo em Deus o absoluto e relativizando todo o resto, pois é apenas meio para alcançarmos o nosso fim, que é louvar, reverenciar e servir a Deus. O apego vem nos atrapalhar a de fato fazer essa vontade de Deus e alcançar o seu projeto. Sendo assim, podemos entender que o Papa percebeu que para o futuro da Igreja, hoje é necessário alguém mais apto a enfrentar os desafios que surgem a cada ano, e entende que a sua saída seja necessária. O que ele talvez não perceba que faz também, é nos levar a refletir, afinal não é todo dia que vemos um chefe de estado renunciar ao seu poder, e isto assusta, a mídia e algumas pessoas querem especulam motivos, pressões, crises, escândalos. E a cada busca desenfreada fica mais visível o motivo real: a própria consciência do Papa.
Devemos também nós fazer como ele e examinar a nossa consciência: quais tem sido as minhas renúncias? Eu tenho renunciado a mim mesmo? Será que sou capaz de abrir mão de momentos de lazer, ou de descanso para ir ao encontro do outro, mesmo que isso não seja prazeroso? Tenho cumprido com os compromissos que assumo com os irmãos, ou eu vou a Igreja simplesmente quando eu sinto um "arrepio" ou eu choro?
Me choca hoje, ver jovens que assumem seus compromissos e não são capazes de cumprir. Perdem a sua juventude, pois nos lugar de fazer algo que dê sentido, acabam ficando com medo de optar por Cristo, e ficam a deriva entre a Igreja e o Mundo. Renunciemos, façamos como o Papa, ouçamos as duras palavras do Evangelho: "Se é ocasião de escândalo ARRANCA!".
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