segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Ao Eterno Amor

‎"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio junto de Deus.
Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.
Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.
A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. [...]
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade." Jo 1, 1-5.14

"hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor." Lc 2,11


Não se sabe ao certo em que data exata o Senhor nasceu, mas a tradição da Igreja resolveu reservar uma data para lembrar este mistério que envolver todo o cristianismo. Pois é o próprio Deus que se faz humano, e vem resgatar a realidade caída do homem que se afastou do seu plano original, é o Emanuel que vem ser um Deus conosco, o Deus que se faz amigo, que come na nossa casa, conversa olhando no olho. É o médico que vem ao encontro de quem está doente, é o médico que deixa o seu consultório e vai as ruas, curar e libertar toda a nossa humanidade.
O ser humano é extremamente limitado, pobre, pecador, preso em seu egoísmo, auto-centrado. Mas Cristo  vem inaugurar uma nova realidade, vem mostrar que o ser humano por ser mais, deve ser mais: Imagem e Semelhança do Amor!!!
Por isso independente de datas, você cristão não deixe de fazer memória do nascimento do Deus feito gente, igual a nós em tudo, menos no pecado, e o imitemos. Sejamos misericordiosos, inauguremos um ano da graça da parte do Senhor em nossas vidas, vamos jogar os fardos das mágoas e das tristezas fora, e nos alegrar, porque o Deus vivo e presente habita no nosso meio!
Feliz Natal!!!

domingo, 25 de novembro de 2012

Não precisa morrer pra ver Deus!

Na terra do politicamente correto, quem tem opinião é fanático!
Desde sábado uma discussão acalourada no facebook, me levou a refletir sobre o esvaziamento da fé em nossas paróquias e comunidades, a fé cristã e a tradição da Igreja tem dado lugar a um sincretismo religioso perigoso para a fé. Principalmente por estar disfarçado de diálogo interreligioso.
Primeiramente gostaria de esclarecer sobre o diálogo. Pela origem da palavra, dialógo significam dois conhecimentos distintos, ou seja, o diálogo verdadeiro só ocorre quando as diferenças são exaltadas. Só posso dialogar a partir de um ponto de vista prévio, logo, concordar é uma coisa, dialogar é outra, absurdamente distinta. Eu não dialogo com quem comunga dos mesmo principios que eu, eu comungo, eu partilho, diálogo ocorre quando estou diante do diferente.
Em segundo lugar queria esclarecer o que vem a ser sincretismo religioso. Sincretismo é misturar as diversas tradições religiosas, sobre a idéia de estar respeitando a todas, eu crio para mim um Deus a moda do freguês, pego um pouco de budismo, um pouco de induismo, um pouco de umbanda, um pouco de catolicismo, e voilá! Tenho um Deus a minha imagem e semelhança.
O que as pessoas que comungam dessa idéia não veêm é que isso é um deserviço para cada uma dessas tradições religiosas, pois acabo por desrespeitar a diversidade e a beleza de cada uma. Todas as religiões tem a suas exigências, de desapego e de busca de algo maior, e quando eu pego só o que me interessa eu abandono o pacote completo, e fico numa fé água com açucar que não me leva a ser melhor, mas sim e me leva numa onda de "deixa a vida me levar" eterna. Vou onde me dá prazer.
Explicado isso, venho expressar a minha opinião, dizendo que é IMPORTANTE no mundo de hoje que as religiões sejam sinal de união. Temos que parar de demonizar a religião do outro, e devemos respeitar a pessoa, pois corremos o risco de lançar a pessoa toda fora, simplesmente por ela crer e rezar diferente de mim! MAS por outro lado eu só posso fazer bem ao outro, quando estou ENRAIZADO na minha fé, eu só posso ser católico de dialogar com um espírita, se eu eu for profundamente consciente da minha fé, sendo assim poderei ouvir, entender e discordar, mas respeitar.
Portanto acho uma tristeza ver líderes da Igreja católica e jovens, que já se venderam por esse modelo água com açucar de fé, comprando tudo quanto é ideologia e enfraquecendo a verdadeira fé no Cristo Salvador da humanidade. Pensam assim: "todos tem razão ao falar de Cristo: Kardec tem razão, Marx tem razão, a minha avó tem razão. Mas o papa? não aquele lá está errado tadinho, é gagá!"
Precisamos ter coerência com a nossa fé, buscar alimento sólido, ser firme na busca pela santidade. e fugir, fugira rápido, fugir pra longe do sincretismo.
Por fim dou a palavra a Congregação para a Doutrina da fé, com seu presidente, o então Cardeal Joseph Ratzinger, atual Papa Bento XVI:

4.  O perene anúncio missionário da Igreja é hoje posto em causa por teorias de índole relativista, que pretendem justificar o pluralismo religioso, não apenas de facto, mas também de iure (ou de principio). Daí que se considerem superadas, por exemplo, verdades como o carácter definitivo e completo da revelação de Jesus Cristo, a natureza da fé cristã em relação com a crença nas outras religiões, o carácter inspirado dos livros da Sagrada Escritura, a unidade pessoal entre o Verbo eterno e Jesus de Nazaré, a unidade da economia do Verbo Encarnado e do Espírito Santo, a unicidade e universalidade salvífica do mistério de Jesus Cristo, a mediação salvífica universal da Igreja, a não separação, embora com distinção, do Reino de Deus, Reino de Cristo e Igreja, a subsistência na Igreja Católica da única Igreja de Cristo.
Na raiz destas afirmações encontram-se certos pressupostos, de natureza tanto filosófica como teológica, que dificultam a compreensão e a aceitação da verdade revelada. Podem indicar-se alguns: a convicção de não se poder alcançar nem exprimir a verdade divina, nem mesmo através da revelação cristã; uma atitude relativista perante a verdade, segundo a qual, o que é verdadeiro para alguns não o é para outros; a contraposição radical que se põe entre a mentalidade lógica ocidental e a mentalidade simbólica oriental; o subjectivismo de quem, considerando a razão como única fonte de conhecimento, se sente « incapaz de levantar o olhar para o alto e de ousar atingir a verdade do ser »;8 a dificuldade de ver e aceitar na história a presença de acontecimentos definitivos e escatológicos; o vazio metafísico do evento da encarnação histórica do Logos eterno, reduzido a um simples aparecer de Deus na história; o eclectismo de quem, na investigação teológica, toma ideias provenientes de diferentes contextos filosóficos e religiosos, sem se importar da sua coerência e conexão sistemática, nem da sua compatibilidade com a verdade cristã; a tendência, enfim, a ler e interpretar a Sagrada Escritura à margem da Tradição e do Magistério da Igreja.
Na base destes pressupostos, que se apresentam com matizes diferentes, por vezes como afirmações e outras vezes como hipóteses, elaboram-se propostas teológicas, em que a revelação cristã e o mistério de Jesus Cristo e da Igreja perdem o seu carácter de verdade absoluta e de universalidade salvífica, ou ao menos se projecta sobre elas uma sombra de dúvida e de insegurança.

Fonte: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20000806_dominus-iesus_po.html

domingo, 14 de outubro de 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O Deus em garrafas!

"O que ouviste de mim na presença de numerosas testemunhas, transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de ensinar a outros." (2 Timóteo 2,2)

- Repita comigo, Senhor!
- Senhor!
- Hoje eu te peço...
- Hoje eu te peço...
- ... pela minha familia...
- ... pela minha familia...
- ... pelos meus filhos
- ... pelos meus filhos... peraí, eu não tenho filhos, seria uma profecia?

Esta é uma situação que já aconteceu comigo várias vezes e é muito comum hoje em dia em grupos de oração, acampamentos, pregações, missas com oração para cura e libertação e tudo mais que envolva um momento de multidão.
O objetivo de quem o faz é dos melhores possível, ajudar as pessoas que muitas vezes não tem uma clara noção do ser cristão, (e portanto não se sentiriam aptas a orar) para que rezem. Esta prática do "repita comigo", é muito comum quando os pais e catequistas ensinam a criança a rezar orações vocais da tradição da Igreja, como o Pai Nossa e a Ave-Maria, e é válida também quando o pregador quer fazer uma oração que ele conhece mas não é tão famosa, como a Couraça de São Patrício por exemplo. Nestes casos, como se trata de orar junto uma oração de valor universal, e ensiná-la a outros, é mais do que válido.
Porém devemos saber que a oração nada mais é do que um diálogo da alma fiel com Jesus, e ela precisa acontecer com a maior sinceridade possível, mesmo quando é uma oração vocal previamente escrita por alguém ou da tradição da Igreja, a pessoa que reza precisa atualizar a reza, passando da simples repetição, atualizando as palavras ali colocadas, estabelecendo então um diálogo, tornando suas as palavras da oração. Mas quando se trata de uma oração espontânea, ao conduzir uma oração é preciso que se deixe um espaço para que cada um converse com Jesus do seu jeito, mesmo que o que ele tenha a dizer para Jesus seja uma enorme e grande "poker face". Porém é o que ele tem de mais sincero para oferecer naquele momento, a Jesus, o mais íntimo de cada um de nós do que nós mesmos sabe disso e acolhe essa oração com sinceridade.
Desta maneira a pessoa começa a estabelecer um relacionamento com Deus, que vai atingir diretamente na sua maneira de fazer a sua oração pessoal, até mesmo as orações devocionais já feitas, ou a leitura da Sagrada Escritura, receberão um outro sabor.
Fazer uma oração que infantiliza as pessoas, terá como consequência o que eu chamo de "clientelismo eclesial". A pessoa passa a se servir de determinada comunidade, padre ou pregador, acreditando que eles tem a intimidade extraordinária e que Deus fala através dele (o que não deixa de ser verdade) mas a maior riqueza é a pessoa descobrir a voz de Deus que fala ao seu coração.
Deus se comunica com cada um de um jeito único e especial, e quando a gente nivela as pessoas por baixo estamos no caminho, impedindo que o Deus, que quer falar com a pessoa fale e se expresse. Não estaremos nós duvidando que Deus se comunica com qualquer ser humano? Ou seria eu mais santo e merecedor do que quem acabou de chegar? 
Precisamos estar atentos a estas tentações, porque não podemos infantilizar as pessoas, nem nos tornarmos fornecedores de Deus.
É como se estivéssemos abrindo uma indústria que vende ar engarrafado. O ar está aí conosco o tempo todo, de graça e em abundância, respiramos ininterruptamente, mas nem sempre nos damos conta, o mesmo se dá com o trato com Deus, Ele está com cada um o tempo todo em sua onipresença, mas nos limitamos a querer sentir a sua presença ou a deixar que ela esteja limitada a determinados locais e pessoas. Deixando assim de nos aprofundar em nossa fé, e de vivermos um processo de Educação na Fé, que levará cada um de nós a sermos capazes de ajudar outros, que serão capazes de ajudar outros.
Não esqueçamos é claro de que a vida em comunidade, é uma fonte de onde também jorra Deus, estar juntos na paróquia, celebrar juntos a eucaristia, presença real do ressuscitado, é vital para a vivência de uma vida cristã autentica, que não está focada mais no Deus que pode resolver meus problemas pessoais, mas no Deus com o qual eu cresço num relacionamento de amor constante, e que me abre para amar os demais. Mas também não posso deixar de dizer que estes momentos, terão muito mais sentido, se forem acompanhados de momentos de oração íntima, pessoal e solitária com Jesus. Diariamente. Aí sim viveremos uma vida comunitária que comunique Cristo, uma vida a partir de dentro.
Sendo assim, ore, frequente lugares, ouça pregadores renomados, ouça pregadores sem renome algum, busque estar em comunhão com a sua comunidade, mas tenha senso crítico e não deixe de se expor a Deus.
Portanto desengarrafemos a palavra de Deus, e deixemos de buscar as fontes de Deus engarrafado. Afinal mais que o ar, Ele está aí, nos recriando a todo momento com a sua misericórdia, e nos convidando a um relacionamento com Ele. Vai ficar bobeando?

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A asfixia nossa de cada dia

Já faz um tempo que eu assisti um episódio da sitcom "The New Adventures of Old Christine" (As novas aventuras da velha Chistine - tradução livre) série cancelada em 2010. Este sitcom conta a história de uma mulher recém-separada e suas peripécias para criar o seu filho, em meio a novos namorados e uma paixonite pelo ex-marido (não vou citar no momento nada a respeito de moral cristã e casamento).
No episódio citado, o ex-marido de Christine, Richard, começa a sair com uma mulher protestante, e o filho dela começa a frequentar a Igreja, a mãe do menino passa o episódio brava porque eles tinham concordado em não dar uma educação religiosa para o rapaz (também não irei comentar aqui sobre religiosidade e transmissão de valores). O problema é que a nova madrasta completamente confusa com as reações de Christine, resolve perguntar a ela o porque ela não quer ser seu filho envolvido com pessoas religiosas. Christine responde: "Porque gente de Igreja só gosta de gente de Igreja(!)". Após isto se segue um silêncio de concordância e a mulher muda se assunto.
E sabe qual a conclusão que eu cheguei: "Como eu gostaria que ela estivesse errada, mas...". Sim galera é a mais pura verdade, e a maior prova disso está nos nossos queridos e amados Grupos de Jovens!
Sim, eles enfeitam as nossas paróquias, movimentam, trazem alegria, são mão de obra barata pra qualquer quermesse, estão aí, existem e... existem. Ponto final. Não quero generalizar, mas fazer refletir: "não terão os nossos grupos de jovens se tornado verdadeiros guetos?" Muitos grupos que eu vejo por aí funcionam como se fossem um vórtice, um buraco negro, que engole tudo para si, e enxerga apenas a si mesmo, não se relacionam com outros grupos de jovens e em alguns casos piores, nem com a própria comunidade da qual participam, não se envolvem na vida da Igreja.
Não sei se todos sabem disso, mas o objetivo do grupo de jovens é morrer em mais ou menos três anos de existência, após este tempo o grupo deixa de existir na realidade. Mas você vai me dizer: meu grupo tem 4, 10, 15 anos. Sim a energia, o carisma (se podemos dizer assim), o horário de reunião, e até algumas cabeças ainda estão lá, mas o grupo é o mesmo de 2 anos e meio atrás? Não. E se acha que isso não quer dizer nada, bem, estude melhor sobre o que é ser grupo, ser comunidade cristã.
Enfim quando o grupo morre (para alguns de seus membros ao menos) consideramos que todo o processo de educação na fé aconteceu, sendo assim esse jovem deixa o grupo porque está atuante na sociedade ou na Igreja, mas me diga, quantos jovens que deixaram o seu grupo você ainda vê nas missas de Domingo?
E é isto que torna preocupante a situação, pois ser Igreja é um exercício diário, e um aprendizado que dura a vida toda, de qualquer leigo, religioso, sacerdote, bispo. E se nos nossos grupos não exercitamos sair de nós mesmos, romper os muros da sala de reunião, e depois romper os muros da Igreja, os jovens deixam de profetizar um jeito novo de viver e de ser, que está ali dentro do grupo, é lindo, é maravilhoso, todos que vivem querem que dure eternamente, mas nem todo mundo prova disso. E o que acontece com o grupo que se fecha, é morrer de asfixia. O sal fica com sal, o fermento fica com fermento, não dá sabor, e não faz crescer o Reino.
Bonito seria ver um grupo de jovens ir as ruas, aos orfanatos, as praças, levar e contagiar aos que estão ao redor com alegria, mas não como um gesto isolado e assistencialista, sim como um desejo de transformar a realidade do bairro, da escola, da cidade, da paróquia, unindo forças com o diferente.
Água limpa parada dá mosquito da dengue, mas se vira um rio de água viva vem ressuscitar todo o entorno, onde nascerão frondosas árvores, muitos frutos diferentes e novos, gerar vida, e a água viva dos nossos grupos só vai ser caudalosa de verdade quando houver troca de experiências, de descobertas, quando se aprende e se ensina, nessa imensa escola que é a vida! Transmitir a fé? Claro, mas transformá-la em atos!!!
Precisamos deixar de apenas falar no amor, mas viver o amor, amar de fato, e claro, não é simples, eu sozinho não posso fazer nada, mas com meu grupo, como o seu grupo, com o grupo da paróquia do outro lado da cidade, podemos amar mais, fazer algo mais concreto.
Sonho com esse dia, esse ano da graça, afinal sou um sonhador mesmo...

"O mundo lá sempre a rodar
E em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor,
Estrada de fazer o sonho acontecer" (Milton Nascimento)

sábado, 4 de agosto de 2012

Banda DOM - Seu Amor É Demais



"Não se entregue assim irmão, vale a pena viver, nova vida viver..."
Duvida? te desafio!
Barco a Vela 2012: "Calo meu querer pra ouvir o que Deus quer!"
Satisfação garantida, ou sua mesmice de volta

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Dieu ne peut que donner son amour

"Deus só nos Pode dar seu amor, Nosso deus é ternura!" (Taizé)

Querendo perdoar e ser perdoado.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Paixão pelos inconformados

"A gratidão leva ao "magis"*. Quem se dá conta de sua felicidade, quer mais. Fica então descontente com o mundo e torna-se sensivel às necessidades, para aquilo que pode realizar. A palavra-chave "magis" descreve o dinamismo que podemos experimentar quando doamos nossa vida aos outros." (Cardeal Carlo M. Martini, sj)¹


Ontem recebi a graça de assistir um filme que conta a vida de Madre Teresa de Calcutá, e confesso que muita coisa me impressionou na vida dessa mulher que até então conhecia e admirava mais de longe. Mas há um aspecto no filme que me chamou mais a atenção: Madre Teresa foi constantemente uma mulher INCONFORMADA.
Sim, é isso mesmo, inconformada. Ela viu o mundo, andou pelas ruas de Calcutá e percebeu um dia no mendigo que a pedia água na estação de trem a pessoa de Jesus que pede água na cruz. A partir dessa experiência ela já não podia mais dormir confortavelmente no convento, enquanto Jesus estava nas ruas morrendo de sede e fome, vítima da violência e do desamor. Nascia aí uma mulher que se tornaria modelo de santidade e altruísmo.
E fica uma pergunta na minha cabeça: E eu? e os jovens do meu tempo? Onde estão os inconformados de hoje? Onde estão os sonhadores? 
A nossa sociedade de consumo capitalista nos impede de sonhar, mina os nossos sonhos, reduzindo-os ao sonho da casa própria, do carro do ano, da roupa da moda, da fama, do sucesso. Também outros na tentativa de ir na contra-mão caem num socialismo materialista, que também vem minar os nossos sonhos, uma vez que não acredita numa realidade espiritual, num Deus que deseja ver a justiça reinando entre nós. Sonhar hoje é artigo de luxo e quase proibido, desejar ser e ver as coisas com um olhar diferente das grandes ideologias pode ser considerado crime.
Sim, Beata Teresa quis fazer o diferente, o que parecia impossível, muitos a disseram que era impossível, a Igreja disse a ela ser impossível se tornar uma irmã fora do convento nas ruas de Calcutá. O mesmo ocorreu quando ela disse que queria iniciar uma nova congregação religiosa. Mas ela não quis acreditar nisso, Jesus a chamava e no seu coração era possível. Sendo assim ela era uma mulher profundamente teimosa, por sempre fazer as coisas como acreditava, obediente sim, mas nunca perdia a oportunidade de questionar a motivação do coração para mudar ou fazer as coisas diferentes do que Jesus a motivava.
Madre Teresa resolveu mudar a sua realidade local apenas, a partir de uma experiência com Deus. Sem essa experiência era impossível sorrir o tempo todo, enfrentar as pessoas que a criticavam, a perseguição da mídia e do poder público,e acima de tudo defender a sua máxima de que o importante era fazer pouco. Talvez ela caísse na tentação de não mais despojar-se de si para ser pobre, mas possuir a pobreza, a tentação de se apropriar do dom que Deus deu a ela de sonhar com tal convicção, a ponto de que outros acreditavam também no que fazia.
É importante lembrar que Madre Teresa era uma mulher com uma vida de ora+ação, rezava no minimo 8 horas por dia. E mesmo assim viveu uma das noite escuras mais profundas de que se tem noticia na vida dos santos católicos, foram anos pregando e vivendo em nome de um Deus que ela simplesmente não experimentava na oração, mas isso jamais a levou a abandonar a oração e a caridade. Ou seja, querer que Deus venha numa nuvem gloriosa com um coro de anjos dizer a você que você deve amar, não é desculpa.
Vejo que há algo em comum entre eu e ela: eu sou inconformado. Não concordo com as coisas como são, e nem com decisões que atuam nos sintomas, é preciso agir na raiz, e a raiz é converter o coração do homem e da mulher de boa vontade a vivência do AMOR. Não do sentimento amor, não do "fazer amor" das novelas, mas do amor-serviço, do amor que se revela na prática de quem vai curar e libertar os demais de sua situação de extrema miséria, material ou espiritual.
Mas ser inconformado não basta, é preciso sonhar o sonho de Deus, que é para todos e não apenas para mim. E então começar a fazer o que posso para mudar a realidade do meu bairro, cidade, estado, país, mundo. Afinal eu creio na máxima de que pessoas pequenas, em lugares pequenos, fazendo coisas pequenas são capazes de fazer grandes coisas, por si e pelos demais.
Sendo assim, podemos começar agora, precisamos nos unir mas: Onde estão os inconformados? Onde estão os pequenos e inconformados? Os que vão contra a maré? Os que não se contentam em viver uma vida mais ou menos? Os que não querem viver o sonho americano, mas sim o sonho de Deus? Eu tenho um sonho dizia Luther King, eu tenho um sonho dizia Jesus. E você? Qual o seu sonho? Vamos sonhar juntos?


¹Fonte: Diálogos noturnos em Jerusalém: sobre o risco da fé. Editora: Paulus

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O Canto das Sereias

Muitas vezes eu como ministro de música católico, já passei por bons pedaços ao ouvir que musica católica é chata, velha, de doninha, feia e o escambau, e que a qualidade musical da música protestante é maior e etc. De fato confesso que há muito mais investimento do lado de lá do que do lado de cá (isso é óbvio) mas a música católica além de ter melhorado MUITO nos últimos anos (e até conquistado um cantinho no mercado) é aquela que conta a nossa história, que precisa ser valorizada. Nela está a tradição, e é possível até se você dividir por período perceber que a música de fato ajuda-nos a contar a história. Refrões como "te amarei Senhor!", "ou Santos ou nada mais queremos ser", "Senhor tu me olhaste nos olhos", "Uma só será a mesa", entre outras, marcam períodos da vida de católicos através dos anos.
Enumero aqui dois problemas claros em aceitar sem questionar a música protestante:
1) A música protestante é mais midiática e atraente e se adequa melhor aos novos tempos, estoura um ritmo novo hoje na rádio, amanhã recebe uma versão "evangelizada" da coisa. Mas isso além de tudo que pode trazer de positivo tem também o seu lado negativo, uma vez que estamos mundanizando a Igreja, no lugar de evangelizar o mundo. É importante assim como Jesus entrar e conhecer a realidade do outro, mas nunca para deixar ele na mesma. Muitas pessoas quando resolvem buscar a Igreja, vem para algo diferente do que há lá fora, vem a procura de paz, de um encontro com Deus, vem para descobrir se Ele é real, e quando chega encontra o mesmo funk, cantado pelo mesmo artista, numa versão "evangelizada". Uma missa celebrada solenemente com cantos apropriados, nos leva a uma experiência tal de Deus, que parece que o mundo lá fora perde toda a importância. Vivemos cercados já de muito barulho, e as Igrejas precisam ser lugares para se vivenciar o silêncio, que é onde se escuta Deus e a si mesmo.
2) Não aprendemos a valorizar nossa história e tradição desde a escola, daí surge um desejo tão  profundo de romper com o que é velho, que acabamos por criar um frankstein, no lugar de tornar-nos pessoas melhores, imagem e semelhança de Deus. Entramos numa de começar a criar um Deus que amolde aos nossos gostos, que é bem a cara do que muitas seitas tem feito por aí, criando um Jesus que no lugar de ser o pão vivo descido do céu presente na eucaristia, se torna um pão de hamburguer nos fast-foods de uma praça de alimentação de shopping. Daí preferimos a música da moda, do que aquela que convém ao momento, trocamos seis maduros, por meia duzia de verdes.
A música cristã verdadeira precisa mexer com a gente, nos comprometer, uma musica cristã que não me compromete pra mim não serve. Prefiro uma musica que exponha as minhas fraquezas, e me converta ao perceber que tenho que amar mais, que comungar é tornar-se um perigo. E não é, infelizmente o que vemos hoje, a banalização que a musica tem sofrido no meio secular, tem invadido também a Igreja, uma vez que melodias cada vez mais belas, tem embalado letras de conteúdo cada vez mais irrisório. Pra mim a "beleza" (há controvérisas) dessa música que se diz cristã, mas que é feita pra vender, se parece mais com o canto das sereias, que é lindo, seduz, mas que leva o nosso barco pro primeiro iceberg, afim de que afunde levando embora toda a nossa liberdade de filhos.
Estejamos portanto atento aos frutos e nos perguntemos: A que a musica que ouço tem me levado? Me compromete ou me inebria? Fala de um Deus amor libertador que se fez homem ou de um Senhor do exércitos que parece tão distante que mesmo com os gritos (mais altos) do meu canto nunca me ouvirá? Tenho conhecido bem a música católica? Aprendi a valorizar a minha história? Afinal qual o objetivo da música cristã? Produzir elogios ou levar a oração?


Graça e paz!
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