quinta-feira, 12 de julho de 2012

O Canto das Sereias

Muitas vezes eu como ministro de música católico, já passei por bons pedaços ao ouvir que musica católica é chata, velha, de doninha, feia e o escambau, e que a qualidade musical da música protestante é maior e etc. De fato confesso que há muito mais investimento do lado de lá do que do lado de cá (isso é óbvio) mas a música católica além de ter melhorado MUITO nos últimos anos (e até conquistado um cantinho no mercado) é aquela que conta a nossa história, que precisa ser valorizada. Nela está a tradição, e é possível até se você dividir por período perceber que a música de fato ajuda-nos a contar a história. Refrões como "te amarei Senhor!", "ou Santos ou nada mais queremos ser", "Senhor tu me olhaste nos olhos", "Uma só será a mesa", entre outras, marcam períodos da vida de católicos através dos anos.
Enumero aqui dois problemas claros em aceitar sem questionar a música protestante:
1) A música protestante é mais midiática e atraente e se adequa melhor aos novos tempos, estoura um ritmo novo hoje na rádio, amanhã recebe uma versão "evangelizada" da coisa. Mas isso além de tudo que pode trazer de positivo tem também o seu lado negativo, uma vez que estamos mundanizando a Igreja, no lugar de evangelizar o mundo. É importante assim como Jesus entrar e conhecer a realidade do outro, mas nunca para deixar ele na mesma. Muitas pessoas quando resolvem buscar a Igreja, vem para algo diferente do que há lá fora, vem a procura de paz, de um encontro com Deus, vem para descobrir se Ele é real, e quando chega encontra o mesmo funk, cantado pelo mesmo artista, numa versão "evangelizada". Uma missa celebrada solenemente com cantos apropriados, nos leva a uma experiência tal de Deus, que parece que o mundo lá fora perde toda a importância. Vivemos cercados já de muito barulho, e as Igrejas precisam ser lugares para se vivenciar o silêncio, que é onde se escuta Deus e a si mesmo.
2) Não aprendemos a valorizar nossa história e tradição desde a escola, daí surge um desejo tão  profundo de romper com o que é velho, que acabamos por criar um frankstein, no lugar de tornar-nos pessoas melhores, imagem e semelhança de Deus. Entramos numa de começar a criar um Deus que amolde aos nossos gostos, que é bem a cara do que muitas seitas tem feito por aí, criando um Jesus que no lugar de ser o pão vivo descido do céu presente na eucaristia, se torna um pão de hamburguer nos fast-foods de uma praça de alimentação de shopping. Daí preferimos a música da moda, do que aquela que convém ao momento, trocamos seis maduros, por meia duzia de verdes.
A música cristã verdadeira precisa mexer com a gente, nos comprometer, uma musica cristã que não me compromete pra mim não serve. Prefiro uma musica que exponha as minhas fraquezas, e me converta ao perceber que tenho que amar mais, que comungar é tornar-se um perigo. E não é, infelizmente o que vemos hoje, a banalização que a musica tem sofrido no meio secular, tem invadido também a Igreja, uma vez que melodias cada vez mais belas, tem embalado letras de conteúdo cada vez mais irrisório. Pra mim a "beleza" (há controvérisas) dessa música que se diz cristã, mas que é feita pra vender, se parece mais com o canto das sereias, que é lindo, seduz, mas que leva o nosso barco pro primeiro iceberg, afim de que afunde levando embora toda a nossa liberdade de filhos.
Estejamos portanto atento aos frutos e nos perguntemos: A que a musica que ouço tem me levado? Me compromete ou me inebria? Fala de um Deus amor libertador que se fez homem ou de um Senhor do exércitos que parece tão distante que mesmo com os gritos (mais altos) do meu canto nunca me ouvirá? Tenho conhecido bem a música católica? Aprendi a valorizar a minha história? Afinal qual o objetivo da música cristã? Produzir elogios ou levar a oração?


Graça e paz!
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