quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Renúncia do Papa e as nossa renúncias!

"Se a sua mão ou o seu pé é ocasião de escândalo para você, corte-o e jogue-o para longe de você. É melhor para você entrar para a vida sem uma das mãos, ou sem um dos pés, do que ter as duas mãos ou os dois pés, e ser lançado no fogo eterno.
E se o seu olho é ocasião de escândalo para você, arranque-o e jogue-o para longe de você. É melhor para você entrar para a vida com um olho só, do que ter os dois olhos, e ser jogado no inferno de fogo" (Mt 18, 8-9)

Já não é mais novidade para o mundo que no dia 28/02 às 20 horas, horário de Roma, o então Papa Bento XVI deixará de ocupar seu lugar como chefe da Igreja e do Vaticano, para que outro mais jovem assuma o seu posto. Vejo na atitude do Papa um exemplo maravilhoso para todos os cristãos, de um verdadeiro e autêntico cristianismo, no lugar de gerar uma crise, este ato deve reforçar em nós a fé, e nos fazer perceber que temos diante de nós um homem que inspirado pelo Espírito, sabe ler os sinais dos tempos.
Vivemos cercados de um cultura profundamente individualista e hedonista, a mentalidade predominante nos diz que devemos sempre buscar aquilo que satisfaça o MEU prazer(!), sendo assim é impossível optar ou renunciar a qualquer coisa, somos ensinados a reter tudo para nós sem o menor discernimento. E desta cultura sobre a desculpa de nos fazer livres, nasce uma geração que tem uma dificuldade muito grande em renunciar, em dizer não àquilo que começa a atrapalhar o nosso desejo de fazer a vontade de Deus. E a verdade é que somos cativos desta visão deturpada de liberdade, por mais paradoxal que isto possa parecer, pois a liberdade significa poder de decisão e a decisão implica em uma cisão com tudo aquilo que não é bom para mim.
Santo Inácio nos Exercícios Espirituais vai dizer sobre o nosso Princípio de Fundamento:
[...]é necessário tornar-nos indiferentes a respeito de todas as coisas criadas em tudo aquilo que depende da escolha do nosso livre-arbítrio, e não lhe é proibido. De tal maneira que, de nossa parte, não queiramos mais saúde que doença, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que breve, e assim por diante em tudo o mais, desejando e escolhendo apenas o que mais nos conduz ao fim para que somos criados. (EE 23)
Sendo assim o homem verdadeiramente livre, é aquele que consegue optar por aquilo que mais o beneficia, descobrindo em Deus o absoluto e relativizando todo o resto, pois é apenas meio para alcançarmos o nosso fim, que é louvar, reverenciar e servir a Deus. O apego vem nos atrapalhar a de fato fazer essa vontade de Deus e alcançar o seu projeto. Sendo assim, podemos entender que o Papa percebeu que para o futuro da Igreja, hoje é necessário alguém mais apto a enfrentar os desafios que surgem a cada ano, e entende que a sua saída seja necessária. O que ele talvez não perceba que faz também, é nos levar a refletir, afinal não é todo dia que vemos um chefe de estado renunciar ao seu poder, e isto assusta, a mídia e algumas pessoas querem especulam motivos, pressões, crises, escândalos. E a cada busca desenfreada fica mais visível o motivo real: a própria consciência do Papa.
Devemos também nós fazer como ele e examinar a nossa consciência: quais tem sido as minhas renúncias? Eu tenho renunciado a mim mesmo? Será que sou capaz de abrir mão de momentos de lazer, ou de descanso para ir ao encontro do outro, mesmo que isso não seja prazeroso? Tenho cumprido com os compromissos que assumo com os irmãos, ou eu vou a Igreja simplesmente quando eu sinto um "arrepio" ou eu choro?
Me choca hoje, ver jovens que assumem seus compromissos e não são capazes de cumprir. Perdem a sua juventude, pois nos lugar de fazer algo que dê sentido, acabam ficando com medo de optar por Cristo, e ficam a deriva entre a Igreja e o Mundo. Renunciemos, façamos como o Papa, ouçamos as duras palavras do Evangelho: "Se é ocasião de escândalo ARRANCA!".
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